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Blockchain na prática: 6 casos de uso para inspirar o seu próximo projeto
04/11/2019
Apesar de todo o hype, o blockchain ainda não se tornou tão popular dentro das empresas. Esse cenário está mudando gradualmente, conforme a reputação da tecnologia aumenta entre os líderes de TI.
O blockchain é um livro digital compartilhado para registrar transações. Cada transação entre os participantes da rede é armazenada em um registro para garantir a autenticidade e a transparência das transações. Por isso, os CIOs estão intrigados com a capacidade do blockchain de escalar a confiança digital nas organizações.
Por exemplo, todas as partes interessadas em uma rede da cadeia de suprimentos suportada por blockchain recebem uma cópia do livro-razão autenticado. Se um evento afeta a cadeia, todos os envolvidos podem ter a certeza de que as informações estarão registradas.
Hoje, as empresas estão valorizando as tecnologias que garantem a confiança digital. De acordo com pesquisa realizada pelo Gartner, embora apenas 3% dos CIOs estejam utilizando blockchain atualmente, 60% dos líderes de TI esperam adotar a solução nos próximos três anos. Até 2023, o blockchain estará pronto para a adoção em massa e deverá gerar US$ 3,1 trilhões em novos negócios até 2030.
“Os CIOs estão sob pressão para ajudar a orientar as decisões sobre como o blockchain pode ser implementado em suas empresas”, declarou David Furlonger, analista do Gartner. “As organizações que lançaram as bases para utilizar e implementar a tecnologia estarão em melhor posição para diferenciar e competir com mais eficiência em seus mercados e regiões.”
Confira como algumas empresas estão explorando o potencial da blockchain.
Levando frutos do mar do oceano para a mesa
A Mastercard lançou sua ampla rede no mercado de soluções de cadeia de suprimentos. Em uma nova aliança, a startup Envisible está usando o software blockchain da Mastercard para levar frutos do mar do oceano para o prato.
O esforço de rastreamento acontece no momento em que mais consumidores estão exigindo transparência em relação aos alimentos que consomem, mesmo quando as cadeias de suprimentos globais se tornam cada vez mais complexas. “Os consumidores querem alinhar seus produtos com seus valores, explicou Deborah Barta, vice-presidente sênior de inovação e engajamento de startups da Mastercard.
Por meio da aliança, os parceiros de supermercados da Envisible poderão rastrear a origem dos frutos do mar, proporcionando maior visibilidade do fornecimento ético e da conformidade ambiental dos produtos vendidos em seus estabelecimentos. A solução também ajudará, por exemplo, a neutralizar a ação de criminosos que buscam lucrar com a venda de produtos falsificados.
O camarão será a primeira de várias espécies monitoradas pelo software blockchain da Mastercard, que é integrado à rede global de pagamentos da empresa. “Todos os princípios básicos de nossos pagamentos são casados com essa rede”, declarou Barta, acrescentando que o sistema de blockchain processa mais de 25 mil transações por segundo.
“Com mudanças drásticas ocorrendo no ambiente e nos ecossistemas alimentares, a visibilidade dos alimentos que ingerimos não é mais ‘agradável de se ter’, e sim necessária”, explicou Mark Kaplan em comunicado. A expectativa é de que, com a solução, os lojistas também serão capazes de identificar problemas na cadeia alimentar durante recalls.
Reduzindo custos de back office com blockchain
A Ricoh, fabricante de US$ 17 bilhões em impressoras, copiadoras e outras soluções para escritórios, está explorando como usar o blockchain para apoiar sua cadeia de suprimentos e processos de leasing.
Atualmente, os vendedores da Ricoh fazem um pedido, desencadeando diversas ações no sistema da cadeia de suprimentos. Notas são geradas, copiadoras são enviadas e o sistema ERP da companhia entra em ação, enviando uma fatura ao comprador. Essa é a descrição abreviada de um processo que inclui várias outras etapas.
O CIO da Ricoh, Kris Rao, explicou que a Ricoh está pensando em como a blockchain – especificamente o Hyperledger Fabric e o ecossistema de código aberto – pode centralizar todo o processo de pedido, atendimento e pagamento. Idealmente, a empresa poderia reduzir ou eliminar os custos de back office, migrando para a blockchain.
Apesar dos benefícios, a adoção em larga escala da blockchain enfrenta vários obstáculos. As leis estabelecidas ainda podem precisar ser revisadas ou implementadas para dar conta das aplicações da solução. “A tecnologia também carece de estruturas legais, tributárias e contábeis, interoperabilidade e escalabilidade nativas e modelos e normas de governança”, afirmou Furlonger.
“No momento, estamos analisando essa tecnologia, pois acreditamos que é importante atender às necessidades dos clientes e planejar futuras tecnologias”, acrescentou Rao.
Contratos inteligentes para serviços financeiros
Na Boston Private, empresa de gerenciamento para clientes de alto patrimônio líquido, a CIO Prasanna Gopalakrishnan está testando a blockchain em busca de contratos inteligentes para tornar as transações financeiras mais eficientes – e confiáveis. A empresa controla o nó blockchain, ditando permissões para corretoras, clientes e outras partes no sistema.
Atualmente, as trocas de moedas realizadas por credores e corretoras são rigorosas e exigem muito papel. Um aplicativo blockchain que permite contratos inteligentes pode ajudar a aliviar alguns desses encargos associados às aprovações de linha de crédito, acelerando o processamento do contrato.
Embora esse cenário faça sentido para os serviços financeiros, Gopalakrishnan aconselhou os CIOs a oferecer aos negócios aplicações práticas que agreguem valor antes de apresentá-las aos demais executivos.
“Você precisa obter o apoio de parceiros de negócios, articular e entender claramente os problemas que está tentando resolver, o que conectará os pontos aos resultados dos negócios e ao valor que pretende oferecer”, disse Gopalakrishnan.
Blockchain para garantir os direitos humanos
As Nações Unidas (ONU) estão explorando duas áreas significativas para o blockchain: verificação de identidade e confiança na cadeia de suprimentos, declarou Atefeh Riazi, CIO da organização internacional.
Aproximadamente 1,2 bilhão de mulheres em todo o mundo não têm identidade oficial, incluindo nome ou data de nascimento, o que as torna alvos fáceis para o tráfico de pessoas. Além disso, em alguns países, crianças estão sendo exploradas e forçadas a trabalhar. Pensando nisso, 0 blockchain pode auxiliar no cumprimento das leis sobre trabalho infantil e conter incidentes nos quais menores acusados de crimes são julgados como adultos, já que não podem provar sua idade.
Usando um aplicativo blockchain para verificar a identidade, a ONU poderia tornar mais fácil para as autoridades identificar pessoas, impedindo a exploração e os crimes contra mulheres e crianças.
Riazi também está explorando como a ONU pode usaro blockchain para provar a procedência dos medicamentos que envia para todo o mundo. Isso ajudará a garantir que as pessoas estão recebendo os medicamentos apropriados para as suas doenças. “A cadeia de suprimentos é uma das principais áreas que analisamos quando se trata de aplicativos de blockchain.”
Por fim, Riazi entende a blockchain como uma das tecnologias mais disruptivas que os CIOs podem utilizar.
Blockchain para envio de mercadorias
O UPS tem uma equipe dedicada a explorar o impacto da blockchain na cadeia de suprimentos. Linda Weakland, diretora de inovação corporativa da UPS, vê um grande potencial para a tecnologia na automação de inúmeros processos manuais. Esse sistema poderia ajudar a UPS a “modernizar toda a prática e liberar mercadorias muito mais rapidamente”. O blockchain também melhoraria a precisão das transações e reduziria os custos de ativos físicos, como contêineres.
Mas, para desfrutar de todo o potencial do blockchain, a tecnologia precisa ser adotada em toda a cadeia de suprimentos. Para esse fim, a UPS ingressou em novembro na Blockchain in Trucking Alliance (BiTA), que está desenvolvendo padrões de blockchain para o setor de frete. Para Weakland, esses padrões poderão ajudar a UPS e seus parceiros a compartilhar dados entre blockchains, o que atualmente é difícil de fazer.
A UPS vê o blockchain como parte da evolução da Smart Logistics Network, que também inclui outras tecnologias emergentes, como Internet das Coisas, robótica, inteligência artificial e aprendizado de máquina.
A companhia também está explorando o blockchain para interesses comerciais. Em março, a UPS fechou um acordo com a Inxeption para ajudar as empresas a configurar, vender e enviar produtos online usando a tecnologia blockchain, o que garante que informações confidenciais, como preços específicos do contrato e taxas negociadas, sejam compartilhadas apenas entre o comprador e o vendedor.
Cobrindo as apostas do blockchain
A blockchain representa tantos desafios quanto oportunidades para empresas de serviços financeiros, como a TD Ameritrade, onde o CIO Sankaran alocou uma equipe dedicada para explorar como usar a tecnologia. O executivo acredita que o blockchain reduzirá as lacunas para liberação de ativos, automatizando em minutos ou segundos o que costuma levar dias. A troca de arquivos entre vários parceiros também se tornará muito mais transparente, reduzindo processos manuais.
O primeiro teste da TD Ameritrade está facilitando transferências de dinheiro entre seu serviço de corretagem e sua afiliada do Banco TD quase em tempo real. “É um modelo para continuar trabalhando com outras instituições para fazer movimentações financeiras e configurar contas muito mais rapidamente”, explicou Sankaran. Outros usos potenciais do blockchain incluem compartilhamento de informações entre clientes, votação por procuração e substituição de cartões de crédito. Para Sankaran, a liquidação financeira será a aplicação mais interessante, reduzindo o tempo e as taxas de transação que afetam o setor.
A corretora online está testando várias tecnologias, incluindo a Ethereum, R3 Corda e Quorum do JP Morgan. “Realmente é necessário ter uma plataforma de nível empresarial para gerenciar segurança, e deve ser dimensionada e ter um bom desempenho”, acrescentou Sankaran. “O problema é escolher uma plataforma subjacente, sabendo que você pode precisar descartá-la, porque ela já não oferece mais valor.”
Sankaran antecipa uma consolidação significativa do blockchain, forçando mudanças no setor.
Não durma no ponto da blockchain
Embora ainda seja cedo, os CIOs que ignoram o blockchain podem ter dificuldades para lidar com a concorrência. “É importante começar agora, caso contrário, você ficará para trás”, concluiu Gopalakrishnan.
Fonte: CIO
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